quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Reverência ao destino

Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.

Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.
Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.

Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso; e com confiança no que diz.

Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.
Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer ou ter coragem pra fazer.

Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.
Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende.E é assim que perdemos pessoas especiais.

Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.
Difícil é mentir para o nosso coração.

Fácil é ver o que queremos enxergar.
Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto. Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.

Fácil é dizer "oi" ou "como vai?"
Difícil é dizer "adeus", principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...

Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.

Fácil é querer ser amado.
Difícil é amar completamente só. Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar, e aprender a dar valor somente a quem te ama.

Fácil é ouvir a música que toca.
Difícil é ouvir a sua consciência, acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.

Fácil é ditar regras.
Difícil é seguí-las.Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.

Fácil é perguntar o que deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar esta resposta ou querer entender a resposta.

Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.
Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.

Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma, sinceramente, por inteiro.

Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.

Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.
Difícil é ocupar o coração de alguém, saber que se é realmente amado.

Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é lutar por um sonho.

Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.


de Carlos Drummond de Andrade

domingo, 16 de dezembro de 2007

Para refletir (pensar - não vá espelhar)

No Curso de Medicina, o professor se dirige ao aluno e pergunta:

- Quantos rins nós temos?

- 'Quatro!' responde o aluno.

- Quatro? - replica o professor arrogante, daqueles que se comprazem em
tripudiar sobre os erros dos alunos.

- Traga um feixe de capim, pois temos um asno na sala - ordena o professor a seu auxiliar.

- E para mim um cafezinho! - replicou o aluno ao auxiliar do mestre.

O professor ficou irado e expulsou o aluno da sala. O aluno era, entretanto, o humorista Aparício Torelly Aporelly (1895-1971), mais conhecido como o 'Barão de Itararé'.

Ao sair da sala, o aluno ainda teve a audácia de corrigir o furioso mestre:

- O senhor me perguntou quantos rins 'nós temos'. 'Nós' temos quatro: dois meus e dois teus. Tenha um bom apetite e delicie-se com o capim.




A vida exige muito mais compreensão do que conhecimento!

Às vezes, as pessoas, por terem mais um pouco de conhecimento ou acreditarem que o têm, se acham no direito de subestimar os outros...



E haja capim!





Citações do referido Barão de Itararé.

  • Quem inventou o trabalho não tinha o que fazer;
  • Negociata é um bom negócio para o qual não fomos convidados;
  • Orçamento é uma conta que se faz para saber como devemos aplicar o dinheiro que já gastamos;
  • O que se leva desta vida é a vida que se leva;
  • O casamento é uma tragédia em dois atos: civil e religioso;
  • O tambor faz muito barulho, mas é vazio por dentro;
  • Os vivos são e serão sempre, cada vez mais, governados pelos mais vivos;
  • De onde menos se espera é que não sai nada mesmo;
  • Para este mundo ficar bom, é preciso fazer outro;
  • O diploma não encurta as orelhas de ninguém;
  • Não é triste mudar de idéia; triste é não ter idéias para mudar;
  • A televisão é a maior maravilha da ciência a serviço da imbecialidade humana;
  • O Brasil é feito por nós. Só falta agora desatar os nós;
  • Quando pobre come frango, um dos dois está doente;
  • Pobre, quando mete a mão no bolso, só tira os cinco dedos;
  • O homem que se vende recebe sempre mais do que vale.