sexta-feira, 14 de março de 2008

Ladrões de Carros

*PRINCIPAIS TRECHOS DA ENTREVISTA DE UM LADRÃO DE CARROS*
*(no final da entrevista ele faz um 'comercialzinho' para as Seguradoras. E o pior é que ele está certo. Leiam.)


  • PERÍODO PREFERIDO
'Prefiro furtar de manhã. É quando todo mundo está com menos cuidado com as coisas'.


  • TRAVAS

'Travas segredos e alarmes são ridículos. Antigamente, alugava um carro para estudar como funcionava. Hoje nem faço isso'.

  • DESMANCHE

'Nunca desmontei carro. Odeio sujar a mão. Sempre trabalhei sozinho, por encomenda. Já entrei em Concessionária, de terno, para ver o endereço e para onde iria o carro, ficava de campana (vigiando) e roubava. Já roubei muito carro que o pessoal da Concessionária me entregou'.

  • BUSCA

'Para quem tem o carro furtado, o ideal é procurar num raio de três quilômetros da vizinhança, pelas ruas menores, menos movimentadas'.

  • DESTINO DOS CARROS

'Este negócio de Paraguai é lenda. Ninguém vai levar carro roubado para lá. No Paraguai, o máximo que acontece é gente que entrega a uma pessoa, ela leva o carro até lá, vende no mercado negro e manda chave e documento de volta para ele dar a queixa de roubo. E são poucos. O mais comum é o carro ir para o interior, onde não há fiscalização. Boa parte dos carros é cortada por ferros velhos. Aqui no Rio são todos na Dutra. Mas hoje em dia 50% das comunicações são falsas. Quase tudo é golpe na seguradora'.

  • ENCOMENDAS

'Eu tinha encomenda para o resto da vida, mas se disser quem é me complico. É melhor ser um preso vivo, que um morto em liberdade'.

  • TRÁFICO

'Esses roubos armados estão sendo feitos por pessoas que estavam no tráfico de drogas ou em quadrilhas que, por algum motivo, foram para o roubo de carro. Acho que foi porque a Polícia está dando em cima nestes crimes, porque não está fácil passar carro roubado. O mercado está concorrido'.

  • CARRO ROUBADO

'Já tive carro roubado. Nem procurei. Roubei outro e fiz um dublê na hora'.

  • CONSELHOS

'Se a pessoa não quiser ter o carro furtado, não deixe nada dentro visível. Na minha mente doente, sempre acho que tem dinheiro, ouro, jóia, ali. Não equipe muito o carro, porque assim se ganha mais dinheiro. Além de vender o carro, ainda vendo os acessórios. Não coloque em rua calma demais'.

  • PREÇO

'Numa Blazer do ano, paga-se R$ 10.000,00, se você vender no interior. Se Você passar para um atravessador, fica com uns R$4.000,00 ou R$ 5.000,00. Quando não dá para passar, algumas pessoas fazem o golpe com a Recuperadora. O ladrão fica com 3,5%, o recuperador com 3,5%, a Empresa com 3%, dos10%, que a Seguradora paga'

  • JUSTIÇA

'Meu crime é igual a roubar uma carteira de uma bolsa. Vou ficar preso por um tempo, uns dois anos, mas vou sair. Infelizmente a justiça é assim'.

  • PROFISSIONAIS

'No Rio só existe uns dez profissionais no furto. São pessoas comuns, que vivem disso. Hoje sou mais uma lenda, mas já furtei seis carros por dia'.

DOM

'O furto é cara de pau. A pessoa não pode vacilar. Levo dez segundos para entrar no carro e ninguém percebe. Tenho dom'.

DESAFIO

'Se um fabricante quiser, coloca um carro aqui no pátio (da Delegacia) e, se eu não abrir, faço propaganda da Empresa dele, dizendo que a trava de segurança funciona. As montadoras fazem códigos para vender carros mais caros, mas os delas são os mais fáceis de furtar. A melhor coisa a fazer é ter Seguro'.

AUTOCONFIANÇA

'Não existe carro que eu não roube. Motor não tem vontade própria e não ama o dono. Se você der energia e combustível, ele vai andar'.

COMENTÁRIO

Não deveria existir bandido que não recebesse sua pena... Mas...'se der energia e combustível, ele vai andar'. Damos essa energia, esse combustível... Pense nisso...

UM ALERTA. PRESTE MUITA ATENÇÃO!

Algumas medidas que devem se incorporadas no dia-a-dia:

- Não anotar telefone residencial no verso de cheques, especialmente em postos de gasolina. No caso de assalto ao posto, as informações pessoais podem ser usadas para ameaças, especialmente contra mulheres. Anote sempre o telefone comercial.
- Não exibir currículo no carro, como: adesivo de faculdade, do condomínio onde reside (adesivos como: Eu amo Ubatuba), da academia de ginastica, etc. Um extorsionário deduz desses sinais a vida de pessoa e os usa para fazer ameaças.
- Evitar compras por telefone ou Internet fornecendo o número do cartãode crédito, peça boleto bancário. O ladrão prefere pessoas desatentas, aproveita-se do elemento surpresa. O objetivo do ladrão é patrimonial e não pessoal, escolhe as vitimas pelo fator comportamental. Jamais reagir, só em filmes dá certo. O elemento surpresa é favorável ao bandido, que nunca está sozinho e não tem nada a perder. Manter distância segura do carro da frente, para poder sair numa só manobra, sem bater. Distância segura é poder enxergar pelo menos parte do pneu do carro da frente.
-O risco de morrer em roubo de farol é absurdamente maior do que num seqüestro. Nessa situação mantenha as mãos no volante e tente comunicar-se, indicando claramente o que vai fazer:· Se for tirar o cinto - Vou tirar o cinto com esta mão, posso? Se pedir a carteira - A carteira está no bolso de trás (ou dentro da bolsa), posso pegar? À noite, calcule tempo e velocidade para evitar parar num farol vermelho. Não há registro de assalto com carro em movimento...

DIVULGUEM, ISTO É MUITO IMPORTANTE!

Instituto de Criminalística Afrânio Peixoto - ICAP Departamento de PolíciaTécnica

quinta-feira, 6 de março de 2008

Caça aos clientes

Os vendedores que não nos deixam escolher e comprar em paz


Gosto de entrar nas lojas calmamente. Passear olhando os produtos. Ultima-mente, tornou-se impossível. Certos vendedores ficam na cola da gente! Dia desses, fui a uma loja de decoração. Uma jovem elegantíssima aproximou-se.

– Já conhece nossa linha? (vendedora)

– Ah, só estou passeando. (eu)

É mentira, claro. Quem entra em uma loja tem o sonho de comprar. Falar em olhar é o mesmo que dizer:

– Vê se não enche.

A vendedora era do tipo insistente. Se eu dava dois passos e parava diante de um móvel, corria a abrir as gavetas.

– Veja o acabamento! Preste atenção no detalhe de madeira. (vendedora)

Fugi, constrangido! Joalherias são as piores. Admiro um anelzinho na vitrine. Pode ser um ótimo presente de Natal! Entro, meio sem jeito com o ambiente em que tudo parece tão caro.

– Queria saber o preço daquele anelzinho. (eu)

A mocinha lança um olhar dominador:

– Sente-se. (vendedora)

– Mas... (eu)

Quase me empurra na cadeira. Vai buscar o mostruário. Observo a porta, esperançoso. Poderia sair correndo, perder-me nos corredores do shopping. Tarde demais. Ela retorna com o tesouro de Ali Babá. Mostra. O tal anelzinho é barato. Sugere uma gargantilha e brincos combinando.

– É só um presentinho... para não deixar passar em branco. (eu)

Assume um ar compreensivo.

– Tenho certeza de que ela vai adorar esses brincos de safira. (vendedora)

Quando vejo, estou pagando em três vezes!

Alguns vendedores se fazem de surdos. Digo uma coisa, respondem outra. Passei pelo drama com uma máquina fotográfica.

– Queria uma bem simples... só para dar um clic! (eu)

Mostra um modelo digital. Caríssimo.

– É a última palavra em tecnologia. (vendedor)

Por pouco não começo a gritar. Ele me atira a lambe-lambe com desprezo.

E roupas, então? Vendedor sabe o significado da palavra impulso. É assim: a gente bota uma roupa no provador. Respira fundo para a calça fechar. A barriga parece sumir. Compra. Em casa, o botão estoura. A camiseta sobe e o umbigo fica de fora! Portanto, tento ser cauteloso.

– Só uma camisa branca. (eu)

– Estamos com uma promoção em ternos. (vendedor)

– Ah, terno eu nunca uso! (eu)

Recebo de volta um olhar desconfiado. Como pode existir alguém que não usa terno? Concluí que devo estar mentindo. Cochicha no meu ouvido:

– Aproveita, está a 50%. (vendedor)

– Para pendurar no armário e não usar nunca? (eu)

Suas pupilas se fixam em outro cliente entrando. Ar próspero. Suspira. Leio em sua expressão:

– Por que fui atender logo esse chato?

Até em supermercados anda difícil. Estou parado diante dos produtos light, repleto das melhores intenções. Uma demonstradora aproxima-se com a bandejinha lotada de petiscos.

– Aceita? (demonstradora)

Ainda não almocei. Tenho vontade de agarrar a bandeja e sair correndo. Respondo cortesmente:

– Agradeço. Mas estou de regime. (eu)

Ela sorri e se afasta. Dou dois passos, e ela reaparece na minha frente. Como se jamais me tivesse visto.

– Aceita? (demonstradora)

– Bem... (eu)

– Este aqui de calabresa é muito bom. (demonstradora)

Apodero-me de quatro torradas. Cubro cada uma com um sabor diferente. Experimento o de calabresa mais duas vezes, para ter certeza. Rapidamente, ela indica:

– O produto é este aqui. (demonstradora)

Abarroto o carrinho justamente de todos os petiscos que havia jurado nunca mais botar na boca!

Está certo. Não se pode culpar o vendedor. Entreguei meu cartão para débito. Levei os pacotes. Mas, sinceramente, muitas vezes parece que está aberta a temporada de caça aos clientes! Certos vendedores agarram-se a mim como carrapato. E o pior: nem me deixam comprar em paz!